segunda-feira, 11 de maio de 2015

Teorias da cidade - Bárbara Freitag

     O livro de Bárbara Freitag é basicamente uma passagem geral pelas principais questões teóricas já produzidos sobre a cidade. Dividindo em três escolas, somos apresentados de maneira mais sistemática aos campos teóricos alemão, francês e inglês (RU e EUA incluídos de maneira distinta). De fato, não caracterizar estes como os campos mais influentes, seria descabido, e desta forma a abordagem sobre o Brasil fica reservada para o final.
     Acaba se revelando uma boa obra para por em diálogo o leitor e as teorias urbanas, pois condensa e apresenta os contornos das linhas teóricas mais influentes. Mesmo não se aprofundando em nenhum elemento específico para além de apresentar estes autores e seu pensamento, podemos deixar de lado a prática acadêmica da crítica e observar os pontos úteis em tal obra. Sobremaneira acaba se mostrado uma boa ferramenta para imaginar pontos de partida, assim como condensar alguns elementos tão densos quanto a teoria sobre as cidades e o próprio urbano.
     Me despertou atenção a escola anglo-saxã, que eu confesso sempre ignorei por puro capricho, e como ela se constituiu como uma das mais marcantes no campo prático das cidades, e aqui me refiro a sua construção física. Salvo exceções, como é o caso do gigante Le Corbusier, a escola anglo-saxã acabou ganhando mais espaço e eficiência no momento de articular teoria e prática (algo não dissociado, mas nem por isso menos conflituoso). Não podemos ignorar elementos como o fato de ter sido Thomas Morrus quem cunhou o termo Utopia, e ao mesmo tempo ser entre os anglo-saxões que teremos o conceito de cidade jardim sendo moldado e construído. Essa atenção deve ser observada com a ressalva de meu desconhecimento.
     De qualquer forma o ponto mais interessante e produtivo é a articulação feita ao final do livro, em que as recepções teóricas são trabalhadas no contexto brasileiro. Podemos afirmar que de maneira geral, o campo teórico nacional é baseado no arcabouço teórico estrangeiro, sem contudo deixar de colocar os elementos e especificidades nacionais em pauta, criando desta forma um pensamento original – problematizado pela autora a partir da perspectiva apresentada de Ronald Daus. Vale muito a pena estes dois últimos capítulos, pela clara articulação com o conteúdo anterior, tão distante por sua teoria e geografia de origem (Europa), com a realidade brasileira e latino-americana. Podemos dizer que a obra se encerra no momento certo, pois estes dois últimos capítulos são o ponto de partida para o atual, e eles permanecem inconclusos e não-superados.
     Aponto um certo desconhecimento de teorias mais recentes baseados na obra de Deleuze-Guatarri, e sua perspectiva rizomática, já bem digeridos e pensados para o contexto brasileiro por Paola Berenstein Jacques em a “estética da ginga”, publicado poucos anos antes da obra de Freitag. E confesso que não sei se ter ignorado tal perspectiva sobre o estudo das cidades ocorreu por desconhecimento, discordância ou sou eu que tenho uma visão entusiasmada sobre esta questão.

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