quinta-feira, 25 de julho de 2013

Contos da Palma da Mão - Yasunari Kawabata


O pouco de literatura japonesa que conheço me fascina. Não creio que os venero tanto quanto os russos ou os beatniks, mas é certo que eles tem um lugar especial no meu coração. Definitivamente meu fascínio é pelo simples fato da literatura japonesa ser simplesmente particular e dentre eles Kawabata é o grande mestre.
Conheci sua literatura por meio de Mil Tsurus. Onde fica evidente um conflito oriente x ocidente. Mesmo que seja bater na mesma tecla, olhar o outro ajuda a entendermos nós mesmos, Tdorov dá esta brecha ao lermos livros como A conquista da América. Pelo fato destes estranhos e bizarros japoneses nos enxergarem da mesma forma, como seres exóticos afinal, gosto de lê-los.
Contos da palma da mão têm a felicidade de organizar os escritos pela ordem cronológica, esta organização nos permite perceber uma série de questões. Vamos percebendo ao longo do tempo que este choque entre o invasivo mundo ocidental e a cultura tradicional japonesa se tornam um elemento cada vez mais perceptível, especialmente no período imediato ao pós-guerra.
Porém o elemento mais nítido nos escritos de Kawabata, e apenas recentemente percebi isto, é sua preocupação estética. A primeira pergunta que pode ser feita é: “como a estética pode estar na literatura?”, foi o que pensei ao menos, até porque normalmente a palavra “estética” acaba resumido ao “bonito” e “feio”. Bem, foi necessário um mínimo de entendimento do que seria a estética – o que não é tarefa fácil – para entender Kawabata.
Há uma atenção dada pelo autor em elementos que apenas podemos sentir de forma muito específica, como por exemplo uma brisa outonal. É complicado compreendermos este tipo de citação no meio de uma história, porém, quem já sentiu esta tal brisa outonal, sabe da importância que isto têm para vida. Ler também é uma forma de deixar-se entregar a sensações, mesmo que não sejam tão intensas e simples de serem alcançadas como outros meios mais simples, a exemplo do consumo de drogas como álcool ou cafeína. Entretanto Kawabata procura fazer o leitor sentir estes elementos estéticos, para além de contar uma história.
Posso estar afinal, completamente errado e estar sendo demasiado simplista. Porém apenas recentemente este elemento sensorialista ficou evidente para mim, ou melhor, apenas recentemente pude sentir tais sensações. Sua preocupação talvez esteja num dos elementos mais importantes da escrita, produzir sensações, e isto não é tarefa fácil.

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