domingo, 21 de março de 2010

O Marinheiro que perdeu as graças do mar - Yukio Mishima

O livro trata de um triangulo entre uma mãe viúva , seu filho, e um marinheiro. É um livro que amei cada página que li, retratando o Japão pós-guerra (o livro é de 1963). A questão que mais me chamou a atenção a ainda me deixa pensando, é sobre a nossa visão de infantilização que fazemos das crianças. Também senti uma afronta aos tabus como: morte e corpo (físico e nossa relação com ele) principalmente no que se refere a viúva. A escrita é muito acolhedora, retrata-se muito bem a mediocridade da vida. Ao desenrolar da história Noburu (o filho da viúva) vai ficando cada vez mais calculista, devido a influência exercida pela sua trupe de amigos.
Apesar de japonês, no livro senti uma boa carga de mundo ocidental (peguei o livro pois tenho interesse sobre o oriente), mas isso é devido ao período em que se passa a história (pós segunda guerra), e pelo que pesquisei Mishima havia morado e estudado nos EUA durante algum tempo. Mesmo assim dá para se ter um bom panorama da cultura do Japão. Alguns contrastes ocorrem no livro, e alguns costumes são resaltados.

O livro tem 158 páginas (incluindo capa).

quinta-feira, 4 de março de 2010

Amador - Krzysztof Kieslowski (filme)


Por um acaso certo dia eu e minha namorada encontramos um canal no youtube de filmes completos (sem aquela divisão em partes), dentre um deles estava um de Kieslowski – Não matarás. Amamos o filme deste singelo diretor polonês. Por outro acaso na outra semana – ainda com “Não Matarás” na cabeça – passa no cine conhecimento, programa do canal futura, Amador de Kieslowski.

O Filme trata de um sujeito que por um acaso gasta o salário de um mês em uma filmadora amadora de mão, que nem captava som, com o intuito de filmar os primeiros anos de sua filha que estava para nascer. Assim sua filha poderia acompanhar seus primeiros dias.

Porém todos ficam encantados com a filmadora, e ele começa a filmar seus amigos também. Assim que o diretor da fábrica onde ele trabalha descobre isso, pede para que ele filme uma comemoração. Devido a isto criam o grupo cultural de cinema da fábrica.

Apesar de ser um filme parodiando nitidamente a vida do próprio Kieslowski, há uma questão do artista muito interessante em todo este desenrolar. Percebi toda uma questão sobre o significado da arte (no caso o cinema) e até onde tudo aquilo talvez pode te levar. Algo que por horas ainda fica matutando em minha cabeça...

Também dá uma atenção especial ao financiamento de um filme e as implicações que um financiador pode dar.

Outro ponto que também me chamou a atenção é o retrato de como era viver sob a cortina de ferro, já que o governo polonês vivia sob a orientação direta da URSS. Acredito ser um retrato muito mais claro sobre a “vida soviética”, isto também me interessou bastante, já que encontro pouco material (como livros e filmes) do período, retratando a vida naqueles paises, e tendo sido produzido lá sem o intuito de propaganda da guerra fria – seja diretamente contra ou diretamente a favor. Não descartando que existia uma censura muito rígida, com momentos de abertura, onde por sinal foram produzidos inúmeros filmes poloneses (entre eles este).

E antes que eu me esqueça, este é o diretor da trilogia das cores.
Uma das características do diretor são os diálogos curtos e o seu enorme gosto pelo acaso.

Iria postar um trailer, mas não encontrei nenhum, e o que achei de videos sobre o filme não tinha legendas em português, e como imagino que o polonês do pessoal está enferrujado, me acomodei.

Outros Diretores Poloneses:
Andrzej Wajda, Roman Polanski, Kazimierz Kutz, Krzysztof Zanussi.
Quem se interessar, pode dar uma procurada pela escola de Łódź (pronuncia-se úudji), que foi por onde passaram todos estes diretores.

E até a próxima!