terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Dublinenses - James Joyce


Primeiro livro em prosa de Joyce. É uma coletânea de contos onde retrata Dublin e sua gente, (há algumas traduções que trazem o título "gente de Dublin"; Dibliners, no original em inglês).
As histórias se baseiam geralmente em pubs e igreja, marca registrada dos Irlandeses. O que fica claro tanto no "Dublinenses" quanto no "Retrato do Artista Quando Jovem".
Apesar de ter morado uma boa parte de sua vida no exterior (fora do reino Unido) sua obra tem como fundamento o povo irlandês e seus costumes, rotina...
Joyce também relata a política que acontecia na época. Coisas como o renascimento irlandês (que eu havia tomado um pouco de conhecimento lendo "a invenção das tradições" de Ranger e Hobsbawn), a retomada da língua irlandesa, mesmo esta sendo um língua morta. Os queridos vagabundos também estão presentes em Dublinenses, estes meus favoritos pois estão sempre tentando fugir do trabalho para no final do dia tomar algum trago no bar ao lado do escritório. Até há um sujeito que lia Nietszche, lembrando que este ainda não era tão popular nesta época.

James Joyce retrata Dublin e seu povo, católico, bêbado e - por vezes - brigão, principalmente na questão de política.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Nova york: a vida na cidade grande - Will Eisner


Will Eisner é considerado pela crítica, em unanimidade, como o melhor quadrinista de todos os tempos. Na introdução a este livro, Neil Gaiman conta que certa vez quando um editor procurou algum crítico para "descascar" o trabalho de Eisner, ninguém apareceu.
Há até um prêmio com o nome dele, o prêmio Eisner, uma espécie de oscar dos quadrinhos, prêmio que por sinal o próprio Eisner ganhou muitos.

É absolutamente fantástico como Eisner consegue retratar coisas da cidade com um toque de realidade tão perfeito. Contanto que esses dias até assisti uma das típicas cenas ilustradas por ele na rua.
Seu desenho é algo impressionante, de uma perfeição incrível.
Uma das partes que mais me chamou a atenção é a das pessoas invisíveis. Sabe aquele sujeito que anda pela rua e ninguém nota? As vezes a gente nem lembra...
A história sobre o prédio também é incrivel. Para a maioria absoluta dos transeuntes que todo dia passam por aquele prédio, ele é apenas um prédio velho. Ou é um monumento ali erguido, tão imponente, mas que logo é domolido,e junto com ele todas as histórias envolvendo aquele prédio (me utilizando da leitura de "o cheiro do ralo").
O livro é recheado de retratos do dia-a-dia da cidade grande. Coisas como uma briga de casal, o pessoal que vai morar no interior, o quarteirão onde você passou sua infância, a noite de um sujeito tão comum quanto qualquer outro, a janela que tem uma vista linda para a parede...

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Crítica da Razão Tupiniquim - Roberto Gomes


Bem, uma vez que fui convidado a participar deste blog faço aqui minha primeira postagem, não sei bem se conseguirei suprir a proposta do blog, ou se minhas palavras serão interessantes para os leitores disto (alguém o lê?), mas aqui vou eu, sem grandes pretensões, sem o intento de agradar alguém além dos corações sinceramente interessados.
O livro escolhido para minha primeira contribuição está longe de ser um Best-seller, ou qualquer coisa do gênero, creio que está muito mais próximo até de ser uma obra pouco lida, lida de menos a meu ver, principalmente no mundo acadêmico que, inclusive, é alvo do livro.
O nome, Crítica da Razão Tupiniquim, é uma clara alusão ao escrito Crítica da Razão Pura de Kant. Paradoxo, ou não, este livro me parece estar longe ser comparado, em vários aspectos, ao do filósofo alemão, entres estes, o fato de ser uma leitura suave, sem abusar de expressões complexas ou rebuscadas, o mesmo de ser um trabalho filosófico de mesmo âmbito que Kant.
Com parágrafos e capítulos curtos, ao longo de suas cento e sete páginas (oitava edição da editora criar), o livro do escritor blumenauense Roberto Gomes, nascido em 1964, traz uma crítica à intelectualidade brasileira, ataca o mito da impossibilidade de uma filosofia brasileira, seja este fruto da ideia de uma língua inadequada ou por não possuir uma herança filosófica; tentando mostrar como no fundo isto não passa de uma produção não só do exterior, mas, também, e talvez principalmente, interior. Ele mostra como os brasileiros prendem-se aos padrões europeus, dando maior valor aos saberes de lá, tendo as produções intelectuais daqui valor aqui somente quando aprovadas pelos intelectuais da Europa.
Cria-se uma dependência que vai desde a maneira de vestir-se, pensando aqui no Brasil como um país tropical e que “rejeita a pompa”, Gomes pergunta, “a filosofia, de terno e gravata, pensa?”; aos saberes que são tomados como válidos. É Esta dependência, sim, que promove a impossibilidade da “razão tupiniquim” e não qualquer relação de natureza lingüística, territorial ou mesmo cultural como se costuma objetar.
O autor faz uma distinção entre “sério” e “a sério”, resumindo, você pode ser um pessoa séria, o que diz que estaria mais ou menos em oposição ao alegre ou risonho, de maneira distinta você poder fazer humor a sério, assim, ele pergunta se realmente um filosofo – brasileiro – precisa ser sério ou se apenas necessita levar as questões, seu trabalho, o pensar a sério.
Outro ponto interessante abordado no livro é o que Roberto Gomes chama de “Mito da Concórdia” e “Mito da Imparcialidade”, o primeiro diz respeito ao habito de evitar-se o conflito e o extremismo (entre os pensadores e as correntes de pensamento), desta maneira, tenta-se sempre amenizar as coisas para que tudo fique bem, não se produz ou se usa do conflito para engendrar novas perguntas, ao contrário, tenta-se abafá-las com o jeitinho; o segundo, em complemento ou primeiro, diz respeito à comum prática da imparcialidade que também apazigua os ânimos, faz com que as lutas, tão importantes ao trabalho do pensar, sejam anuladas ou reduzidas a meros conflitos pessoais, impedindo um real embate de saberes, tudo isto se soma como impeditivo ao(s) pensar(es) brasileiro(s).
Por fim, tendo também escrito romances, contos, crônicas, literatura infantil, não fez pouco em seu primeiro livro, ainda demonstrando o quão necessário é a criação de filosofia(s) brasileira(s). Filosofias, teorias, pensares que partam não apenas de brasileiros, no entanto, e aí o principal de sua reivindicação, voltado à realidade brasileira, visando entender e responder às questões que não dizem respeito a revolução francesa e sim, a relação ética-moral do habitantes do Brasil e de suas regiões, de questões que estão ligadas ao “jeitinho brasileiro”, ao dia-a-dia do “povo que é feliz mesmo na miséria”, pede ele por pensadores que se debrucem para isso que os forma, para isso que os permeia.

Deixo-lhes outras obras do autor:

Romances:

Alegres memórias de um cadáver.
Antes que o teto desabe (1981)
Terceiro Tempo de Jogo (1985)
Os Dias do Demônio
Todas as casas (2004)

Livros de contos:

Sabrina de Trotoar e de Tacape (1981)
Exercício de Solidão (1998)

Livros dirigidos ao público infanto-juvenil:

Carolina do nariz vermelho (1986)
Aristeu e sua aldeia (1987)
A difícil arte de ser urubu (2001)

Coletâneas de crônicas:

O Demolidor de Miragens (1983)
Alma de bicho (2000)