segunda-feira, 30 de agosto de 2010

As veias abertas da América Latina - Eduardo Galeano


O livro é um clássico desde muito tempo. Escrito por Galeano enquanto as ditaduras militares reinavam e massacravam as Américas, e o que muitas vezes é esquecido por muitos jornalistas, governos militares apoiados pelos Estados Unidos da América e no caso do Brasil até mesmo pela GLOBO, que nunca põem e nenhum de seus slogans algo como “ditadura, a gente vê por aqui”.

Galeano relata de uma forma bem ácida e sem poupar ninguém nos momentos em que relata as extremas condições em que vive ainda boa parte do povo entre o México e a Patagônia. Exalta Cuba que na época ainda era uma grande esperança, mas para quem pouco conhece sobre Cuba ou conhece apenas o que assiste em noticiários, vale a pena dar uma conferida nos números que Cuba ainda hoje mostra com um enorme orgulho, índices muito superiores, sem dúvida alguma, aos que se tinha quando o governo ainda era de Batista, outro ditador apoiado pelos EUA.

Também fala do Brasil, é claro. Fala dos ciclos econômicos que aqui tivemos (falar de economia é algo praticamente obrigatório, pois a linha do livro é claramente marxista). A cana de açúcar que esgotou o solo do nordeste e que por fim enriqueceu muito mesmo os holandeses que ali estiveram. Sim, trouxeram algumas coisas legais como o Rugendas e construíram Olinda e Recife, não é isso? Logo também temos o ouro, que não foi tão abundante quanto nos outros países latino-americanos, mas que também não era pouco. Logo em seguida temos o ciclo do diamante. A questão de foco em si, é o rápido surgimento do ciclo, os esbanjar do dinheiro gerado dos lucros de um grupo minoritário enquanto um grupo maior (como os escravos) com muito pouco. Depois o café e toda a situação dos cafeeiros, que gera uma burguesia um pouco mais consolidada, mas ainda assim com aquela velha questão do uns com tanto outros com tão pouco, claro lembremos que o livro é marxista – o que não retira seu mérito, apenas ressalta qual o foco dado pelo autor: economia, luta de classes, mais valia... e realizando uma ponte com nossa atualidade as constantes privatizações que geralmente ficam na mão do capital estrangeiro.

Agora lembrei que já havia lido este livro justamente devido a um episódio recente que ocorreu no Chile onde mineiros estão presos na mina. Todos ficam sensibilizados, e todo nosso sentimento empático floresce. Bem, este triste acontecimento me fez lembrar imediatamente do longo histórico da exploração louca e selvagem de metais nas minas chilenas, que ocorre desde a chegada dos espanhóis. Em especial as minas de Potosí. Não há como não se envolver um pouco ao ler o livro, muito menos se revoltar.

Apesar do livro não ser uma leitura profunda, não perde seu mérito, pois tem uma boa generalidade sobre nosso continente. Também devo lembrar que há alguns pontos de vista históricos que já não são mais tão válidos, a exemplo da parte onde se fala da guerra do Paraguai. Um livro prático e básico, que ajuda muito a compreender este continente que já foi creditado como o paraíso celeste.


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