terça-feira, 18 de maio de 2010

O Roubo da História - Jack Goody

Livro que trata sobre como a história, de forma geral, se tornou estritamente ocidental, ignorando o oriente.

O oriente muito me interessa, principalmente por termos nossa visão preconceituosa sobre eles. Visão de incivilizados e de povos atrasados. Okay, você já deve ter ouvido falar da história da bússola e da pólvora, mas há muito mais.

Uma das principais perguntas, tendo como base o trabalho de Max Weber, em especial o “a ética protestante e o espírito capitalista”, é compreender o que levou o ocidente (o que num passado mais remoto significa a Europa), a tornar-se num dos continentes mais poderosos, sendo pouco tempo antes, um dos mais fracos. Em resumo, seria algo como, se daqui a 100 ou 200 anos (talvez menos), os países mais ricos fossem africanos, e não europeus. O que houve de excepcional na Europa. Podemos dizer que esta pergunta em especial já foi feita por Weber.

Bem, no oriente tínhamos um comércio mais desenvolvido, havia a ciência, foi na China que inventaram o papel e os primeiros modelos de prensa. Enquanto na Europa, haviam castelos de pedra, úmidos, doenças sem fim e toda sorte de azar. Por algum acaso, aquele continente sem grande tradição comercial, conseguiu superar o oriente com toda a sua tradição (não a toa temos o arquétipo do árabe negociante).

Outros questionamentos são os de valores. Quando ouvimos falar de amor romântico buscamos sua origem principalmente no trovadorismo e romantismo, movimentos estritamente europeus. Enquanto um dos livros sobre amor mais famosos (Kama Sutra), tenha sido produzido no mundo oriental. Também os gregos são questionados quanto ao seu tradicional papel de democráticos. Não faz isto analisando a democracia grega, mas de uma forma mais simples, cita algumas tribos africanas que já se utilizavam de sistemas por vezes mais democráticos que os nossos atuais, e antes mesmo dos gregos.

O interessante é o olhar jogado para esse oriente, que generalizamos e ignoramos. Sufocamos nosso contato com eles, e geralmente queremos lhes impor nossos valores. Não procuramos pensar e olhar para o oriente considerando a cultura lá existente como válida. Este livro me ajudou a dar mais um passo a esse caminho.

Mesmo assim, o livro seria só um panorama. Porém traz boas discussões. Interessa a quem quer conhecer e entender o oriente (de forma geral).

365 páginas.

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